Fator crítico para o sucesso, a gestão da qualidade na construção civil consiste em acompanhar detalhadamente cada etapa dos vários processos que envolvem uma obra, desde o planejamento até a entrega do produto, incluindo a assistência técnica. Além da satisfação do cliente e de reforçar a imagem da empresa, uma boa gestão da qualidade aumenta a produtividade e reduz desperdícios, impactando diretamente o valor e a competitividade da empresa.
Ainda que a gestão da qualidade não seja uma novidade para as construtoras, aplicá-la na prática nem sempre é tarefa fácil. Tanto é que ainda são comuns prejuízos provocados por vícios construtivos, atrasos em cronogramas, alto índice de retrabalho e custos excessivos com assistência técnica.
No decorrer do longo ciclo da construção, as oportunidades de falhas no controle da qualidade são múltiplas, tornando o trabalho do gestor ainda mais desafiador. Elencamos 5 desafios da gestão da qualidade na construção civil enfrentados por esses profissionais em suas rotinas. Confira a seguir:
Os 5 desafios mais comuns da gestão da qualidade na construção civil
1) EQUILIBRAR QUALIDADE EM UM CENÁRIO COM MUITAS OBRAS
O reaquecimento do mercado imobiliário impõe desafios às construtoras. Afinal, com o aumento do número de obras, elevam-se os riscos de ocorrências de não conformidades de materiais e serviços que podem gerar patologias e comprometer o desempenho do produto final.
“O aquecimento do mercado exige a reestruturação do setor de qualidade, que costuma perder capital humano e investimentos durante os períodos de crises”, comenta o consultor Elton Lacerda, sócio-diretor da Qualiarq. “Nesses momentos, o ideal é encarar os desafios como oportunidades de melhoria para crescimento e otimização de processos”, acrescenta Juliana Santos, engenheira de meio ambiente e qualidade do Grupo EPO.
2) ATENDIMENTO ÀS NORMAS COMPLEXAS
Para garantir qualidade real aos empreendimentos, sistemas de certificação como o ISO 9001 e o PBQP-H são ferramentas importantes. Mas, é preciso considerar que o atendimento às exigências desses selos envolve muita informação documentada, que precisa ser atualizada e disponibilizada para as pessoas certas, com confiabilidade. Muitos gestores encontram dificuldades nessa etapa, especialmente quando os processos são realizados de modo manual, demandando muito esforço e tempo. Isso enfatiza a necessidade de digitalizar o processo de gestão da qualidade na construção civil.
3) COMPREENDER A QUALIDADE DE MODO AMPLO É OUTRO DESAFIO DA GESTÃO DA QUALIDADE
Um vício que pode atrapalhar o desempenho das equipes de gestão da qualidade é a atenção restrita aos requisitos de normas, negligenciando a qualidade do produto de forma ampla. É fato que o atendimento às normas é parte imprescindível à gestão da qualidade, mas o objetivo dos gestores deve ir além para garantir a qualidade esperada pelo cliente, e não somente atender as demandas de auditorias. Além disso, é importante que as equipes de gestão da qualidade tenham constante análise crítica para avaliar a necessidade de revisar e alterar os controles da qualidade em busca do melhor resultado.
4) DIFICULDADE NO PROCESSO DE RETROALIMENTAÇÃO
Um ponto-chave para o sucesso de qualquer sistema de gestão da qualidade é utilizar dados de assistência técnica pós-obra para retroalimentar todas as áreas da empresa, buscando aprimorar a qualidade e o desempenho das edificações construídas. As ferramentas para gestão da qualidade devem permitir a obtenção de dados para formar um painel gerencial que oriente a tomada de decisões. Contudo, muitas vezes as informações ficam dispersas, prejudicando os processos de melhoria contínua.
5) BAIXA DIGITALIZAÇÃO DE PROCESSOS
Um Sistema de Gestão da Qualidade contempla uma quantidade enorme de informações e dados que precisam ser captados, distribuídos às áreas competentes e consolidados, inclusive gerando estatísticas para auxiliar a tomada de decisão ágil e assertiva. “As ferramentas digitais são essenciais para o acompanhamento das atividades e o gerenciamento eficiente. Atualmente, os aplicativos permitem que a conferência dos serviços, em todas as etapas, estejam na palma da nossa mão e em tempo real”, diz Juliana Santos.
“Os softwares visam justamente desburocratizar o Sistema da Gestão da Qualidade, tornando-o mais leve, sem excesso de documentos e com controle eficaz dos registros gerados”, continua Lacerda. Ele destaca como contribuições positivas as fichas de verificações de serviços e materiais (FVS e FVM) digitais, assim como as plataformas de inspeções para entrega de obras e de gerenciamento de não conformidades.
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Redação Portal AECweb / Texto: Juliana Nakamura
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Juliana Santos — Engenheira de meio ambiente e qualidade do Grupo EPO.
Elton Lacerda — Arquiteto e urbanista, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e Engenharia Ambiental. É sócio-fundador da Qualiarq, empresa dedicada à implementação e manutenção de Sistemas de Gestão da Qualidade.
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