De olho na qualidade de seus empreendimentos, mais e mais construtoras têm adotado programas de melhoria contínua, os quais abrangem todos os seus processos corporativos e suas operações em canteiro.
Em obra, os programas de qualidade dependem de ferramentas de monitoramento e medição sucessivas, que geram indicadores e dados para balizar ajustes nos processos e avaliação do desempenho de colaboradores, prestadores de serviço e fornecedores.
O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), estabelecido pelo Governo Federal para modernizar o setor de habitação de interesse social no país, tem como um de seus pilares o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (conhecido como SiAC), que certifica sistemas de gestão da qualidade de construtoras.
O SiAC é uma das principais referências do setor no que diz respeito à busca por qualidade na construção. Uma de suas determinações é que a construtora estabeleça uma lista de serviços de execução controlados e uma lista de materiais controlados, os quais deverão ser monitorados, medidos e avaliados regularmente.
O SiAC determina que as construtoras elaborem uma lista de serviços controlados a partir de um conjunto pré-estipulado de etapas de obra, fazendo inspeções em cada uma das fases. A lista inclui 27 itens:
Serviços preliminares:
1. compactação de aterro;
2. locação de obra.
Fundações:
3. execução de fundação.
Estrutura:
4. execução de fôrma;
5. montagem de armadura;
6. concretagem de peça estrutural;
7. execução de alvenaria estrutural.
Vedações verticais:
8. execução de alvenaria não estrutural e de divisória leve;
9. execução de revestimento interno de área seca, incluindo produção de argamassa em obra, quando aplicável;
10. execução de revestimento interno de área úmida;
11. execução de revestimento externo.
Vedações horizontais:
12. execução de contrapiso;
13. execução de revestimento de piso interno de área seca;
14. execução de revestimento de piso interno de área úmida;
15. execução de revestimento de piso externo;
16. execução de forro;
17. execução de impermeabilização;
18. execução de cobertura em telhado (estrutura e telhamento).
Esquadrias:
19. colocação de batente e porta;
20. colocação de janela.
21. colocação de guarda-corpo.
Pintura:
22. execução de pintura interna;
23. execução de pintura externa.
Sistemas prediais:
24. execução de instalação elétrica;
25. execução de instalação hidrossanitária;
26. execução de instalação de gás;
27. colocação de bancada, louça e metal sanitário.
Uma das ferramentas de controle mais relevantes nesse processo é a Ficha de Verificação de Serviço (FVS).
Ficha de Verificação de Serviço (FVS): como fazer
A FVS deve contemplar uma série de informações claras, objetivas e de fácil compreensão sobre o serviço analisado. Os dados devem permitir a rápida identificação, pela equipe de inspeção e de gerenciamento de obra, dos requisitos e parâmetros de qualidade e se eles foram cumpridos na etapa anterior. Ao fim do processo, a FVS deve ser capaz de dar um panorama geral da execução, desde a fase inicial até o momento da entrega de determinado sistema ou componente.
Parte das informações que compõem a FVS dependem da avaliação visual do inspetor, que deve ser um profissional treinado para fazer tal análise. Outra parte abrange itens que devem ser medidos.
No caso dos sistemas prediais, por exemplo, é preciso analisar, na etapa de instalações hidrossanitárias, não apenas aspectos como a conformidade da execução com as especificações de projeto em determinado patamar, mas também os quantitativos de componentes empregados.
O mesmo vale para a execução do contrapiso. Se a etapa de execução previa o uso de determinado volume de contrapiso autonivelante, o inspetor poderá avaliar não apenas a qualidade do contrapiso por meio da observação visual e da medição dos níveis, mas também pelo cálculo de insumo empregado naquela área.
As medições, portanto, fornecem dados fundamentais para a avaliação da qualidade em cada etapa de serviço controlado. A gestão da qualidade da construtora depende fortemente de tais informações para tomar decisões relacionadas ao andamento das etapas de execução, determinando eventuais ajustes em canteiro.
O gestor de qualidade também pode decidir mudar de fornecedor ou prestador de serviço, caso conclua que o desempenho de algum deles está aquém do esperado. A FVS é a ferramenta que deverá providenciar as informações que basearão tal decisão.
FVS insuficiente: os riscos para a qualidade da obra
Se a FVS não apresenta as informações necessárias para a gestão da qualidade da obra, crescem os riscos de patologias, não conformidades e reclamações dos clientes após a entrega. Todos esses problemas geram gastos adicionais e problemas de imagem para a construtora.
Gastos adicionais também podem ser provocados pelo emprego de insumos, componentes, equipamentos e serviços com desempenho inferior ao esperado, o que acarreta desperdício e retrabalho.
As verificações, portanto, não podem ser apenas visuais, devendo sempre ser complementadas por medições objetivas de itens quantificáveis em cada etapa.
São muito frequentes os problemas com o preenchimento não padronizado das FVS. Fichas em papel que não contenham os campos necessários para a inspeção ou que permitam uma alimentação de dados muito extensa e não objetiva levam, em geral, a dados não compiláveis – e à perda de qualidade na documentação de cada fase.
É importante que cada serviço tenha itens pré-definidos nas fichas, que possam ser objetivamente preenchidos e tenham fácil entendimento entre todos os envolvidos na gestão de qualidade.
FVS digital e o Construpoint
Fichas de Verificação Digitais apresentam muitas vantagens em relação às de papel. Em primeiro lugar, elas permitem uma parametrização maior dos dados, com riscos reduzidos de preenchimento inadequado ou subjetivo demais.
Além disso, as FVS digitais permitem a compilação dos dados de maneira automatizada, evitando extravio de informações e quebras na documentação de etapas e serviços.
Plataformas como o Construpoint trazem ainda mais benefícios. Como trabalha de maneira 100% digital, ele possibilita o preenchimento da FVS em canteiro por meio de tablets ou celulares. Os dispositivos nem precisam estar conectados à internet. Basta fazer o preenchimento off-line e depois carregar as informações na plataforma quando for restabelecida a conexão.
O Construpoint permite o monitoramento contínuo das FVS pela equipe de gestão de qualidade, gerando indicadores por meio de suas séries históricas que são fundamentais para a avaliação do desempenho dos serviços e para decisões de mudança.
Com mais transparência e velocidade no compartilhamento das FVS, eventuais alterações podem ser feitas logo que uma não conformidade é constatada, evitando desperdícios e distorções posteriores.
Texto: Eduardo Campos Lima
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