O concreto é um dos materiais mais usados nas construções brasileiras, portanto deve ter excelente qualidade e condições de uso para evitar riscos e problemas às edificações e a seus usuários.
Para balizar os parâmetros da sua utilização, os gestores de obra e demais profissionais da construção civil devem se apoiar na NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento).
Confira do que trata essa norma e como ela impacta a gestão de obra.
O que é a NBR 12655?
Lançada em 1992, a NBR 12655 é considerada a principal norma técnica sobre o concreto. Ela especifica os requisitos para as propriedades do concreto fresco e endurecido e suas verificações, composição, preparo, controle e recebimento do material em obra.
A NBR 12655 é aplicável a concreto de cimento Portland para estruturas moldadas na obra, estruturas pré-moldadas e componentes estruturais pré-fabricados para edificações e estruturas de engenharia.
Também se aplica aos concretos normais, pesados e leves. Mas, lembre-se: essa norma não se aplica a concretos massa, concretos aerados, concretos espumosos e com estrutura aberta.
Embora seja considerada a norma mãe do concreto, a regulamentação desse material também é feita pela NBR 6118 (Projeto de estruturas de concreto – Procedimento) e pela NBR 14931 (Execução de estruturas de concreto – Procedimentos).
Essas normas são complementares e não há como aplicá-las isoladamente no contexto de uma obra.
Na prática, os projetistas estruturais acabam se baseando na NBR 6118, as construtoras, na NBR 14931, e os tecnologistas de concreto, na NBR 12655.
Quais foram as mudanças propostas na última revisão da NBR 12655?
As normas brasileiras, assim como os sistemas e materiais usados na construção civil, passam por constantes mudanças. Com a NBR 12655 não foi diferente.
Embora seja bastante consolidado no setor, o texto normativo já passou por revisões em 1996 e 2006 e, mais recentemente, em 2015, seguindo a orientação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que propõe revisões a cada cinco anos para as normas técnicas.
A comissão de estudos responsável pela mudança na NBR 12655 foi composta por 53 profissionais e 36 entidades, que se reuniram para fazer melhorias que agregaram mais valor à norma.
Entre as principais mudanças inseridas na revisão está a sua compatibilização com outras normas regulamentadoras que complementam o seu escopo, como as já citadas NBR 14931 e NBR 6118.
O novo texto ainda aprimora o quesito aceitamento de concreto em obra, se referindo às exigências de recebimento e abatimento do concreto antes do seu uso.
Também traz alterações nos requisitos de durabilidade, informando os cuidados levados em consideração na hora de projetar e realizar as obras em regiões sujeitas às águas agressivas e aprimora as tabelas referentes à incidência de sulfetos e sulfatos.
Qual é a importância da NBR 12655 na gestão de obras?
O atendimento integral às exigências desta norma é importante para garantir a qualidade do concreto produzido.
Na prática, quem cumpre a norma está automaticamente buscando garantir a segurança e aumentar a qualidade e a vida útil do projeto.
O seu cumprimento também permite a detecção de não conformidades, quando essas existirem.
Por ser um dos materiais mais utilizados nas estruturas executadas no país, o gestor de obras tem obrigação de ter um conhecimento sólido sobre projeto, execução, materiais usados e manutenção desse tipo de estrutura.
É importante lembrar que as normas brasileiras voltadas à engenharia têm poder de lei, ou seja, devem obrigatoriamente ser seguidas.
Portanto, em caso de algum problema em obra, o desacordo ao atendimento das respectivas normas pode definir quem será o responsável por arcar com os custos eventuais de reparo.
Quais são as principais exigências da NBR 12655?
A NBR 12655 é um instrumento essencial para o gestor de obras. Com o texto normativo, esses profissionais podem contar com referências que ajudam a balizar suas decisões dentro do canteiro.
Confira alguns pontos importantes dessa norma:
Responsabilidades
A NBR 12655 indica as responsabilidades principais de cada profissional envolvido na construção da estrutura de concreto armado.
Cabe ao projetista estrutural determinar a resistência necessária do concreto (FCK) e a resistência mínima para retirada de cimbramento e escoramento e aplicação de protensão, por exemplo.
Já o responsável técnico pela obra definirá a modalidade de preparo do concreto a ser escolhida (se rodado em obra ou fornecido por concreteiras) e o tipo de concreto que será usado. Esse profissional também recebe e aceita o concreto produzido e garante a rastreabilidade do material lançado.
Classe de agressividade
Tanto a NBR 12655 quanto a norma de projeto de estruturas de concreto armado (NBR 6118) trazem algumas tabelas que separam o ambiente de acordo com a sua agressividade e os requisitos mínimos que os concretos nesses ambientes devem possuir.
Com base nessas tabelas, uma obra a ser executada em perímetro urbano é classificada como classe de agressividade “moderada”.
Medidas dos materiais e mistura
Segundo a NBR 12655, a medida volumétrica só pode ser realizada em concreto de classe até C20 e não estruturais. Já concretos de classe C25 ou superiores, como é a exigência mínima para obras em zonas urbanas, devem obrigatoriamente ser dosados por massa (peso).
No caso de concreto de classe C20 ou superior, obrigatoriamente deve ser realizado um estudo de dosagem racional e experimental com antecedência.
Nesse estudo, devem ser utilizados os mesmos materiais que serão utilizados posteriormente na obra. Esse estudo também deve garantir que o traço a ser desenvolvido atenda às necessidades do devido projeto estrutural.
A dosagem empírica, ou seja, sem estudos preliminares, pode somente ser utilizada para concretos de classe C10 e C15, com um consumo mínimo de cimento de 300 kg/m³.
Ensaios de controle
Para garantir a qualidade e a padronização do concreto produzido, devem ser realizados os ensaios de consistência (slump) na primeira massada do dia, ao reiniciar uma jornada de trabalho com interrupção superior a duas horas, na troca de operador e cada vez que forem moldados corpos de prova e de resistência a compressão.
Esse último exige que corpos de prova sejam moldados a cada 50 m³ de concreto ou um andar, no máximo. Devem ser moldados no mínimo dois corpos de prova por idade a ser testada (sete e 28 dias, por exemplo).
Módulo Rastreabilidade do Concreto do Construpoint
Os gestores de obra também podem contar com ferramentas tecnológicas que ajudam na gestão do material dentro do canteiro.
O módulo de Rastreabilidade do Concreto disponível na plataforma Construpoint, da Construmarket, permite um controle mais rigoroso do serviço de concretagem, reduzindo os erros humanos e a burocracia envolvida nessa etapa.
Com os celulares e tablets, os gestores de obra podem fazer as conferências no momento do recebimento do concreto. Todos os dados referentes ao concreto que foi entregue, tais como slump, horários de concretagem, coleta de corpo de prova e dias esperados para rompimento, ficam disponíveis na ferramenta.
O módulo vai muito além da rastreabilidade e também auxilia a construtora na gestão do controle tecnológico do concreto.
Conclusão
Conhecer e seguir à risca requisitos da NBR 12655 é fundamental para evitar problemas com as edificações e consequências mais sérias para as empresas.
Alguns softwares de gestão de obra, como o Construpoint, trazem módulos específicos para aumentar a eficiência da gestão desse material dentro do canteiro.
TEXTO: Gisele Cichinelli
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