Toda construtora que queira acompanhar de perto a execução de um projeto e saber se ele está aderente ao planejamento precisa saber como fazer uma medição de obra. Trata-se da coleta precisa, in loco, de informações sobre o progresso dos trabalhos realizados, estando diretamente ligada ao planejamento físico-financeiro e ao fluxo de caixa da obra.
É por meio da medição de obra que a construtora, por um lado, justifica o avanço de um projeto e reivindica o pagamento parcial a um cliente ou a um banco financiador do empreendimento. No lado das despesas, os levantamentos realizados na medição de obra também servem de base para a execução orçamentária do projeto, com o pagamento aos fornecedores e aos prestadores de serviços.
Além disso, as informações coletadas na medição são cruciais para nutrir o time de planejamento de obras e atualizar importantes indicadores de gestão, como a Curva S, o Índice de Desempenho de Prazo (IDP) e o Índice de Desempenho de Custo (IDC).
Mas cuidado: a medição de obra não deve ser confundida com a inspeção de qualidade dos serviços realizados. Embora ambos os procedimentos sejam realizados em campo, eles têm objetivos distintos.
A inspeção de qualidade – tanto da produção, quanto dos insumos da obra – visa ao atendimento de padrões e normas estabelecidos pela engenharia, e normalmente emprega Fichas de Verificação de Serviços (FVSs) e Fichas de Verificação de Materiais (FVMs).
Muitas construtoras, ainda hoje, enfrentam grandes desafios na medição de obras e na inspeção de qualidade. Ainda que distintos, ambos os processos compartilham problemas comuns, como o uso de formulários em papel, o registro de dados em planilhas eletrônicas e a desorganização de informações, que geram enormes custos por ineficiência.
Neste texto, vamos explorar algumas dicas práticas para facilitar o trabalho de medição e inspeção, utilizando tecnologias e métodos modernos para transformar esses processos em aliados, não em empecilhos, na busca pela excelência na obra.
Dica 1: Tenha objetivos e critérios claros de medição e inspeção de qualidade
A predefinição de processos e critérios é fundamental para garantir a eficácia da medição de obras e da inspeção da qualidade. Antes mesmo do início da obra, deve-se determinar aspectos essenciais como o que será avaliado ou medido (materiais, serviços, elementos construtivos), como a medição ou a inspeção serão realizadas, a periodicidade, as referências técnicas, as métricas ou fórmulas de cálculo para medições, entre outros aspectos.
Os critérios de medição, por exemplo, devem ser os mesmos estabelecidos nas composições de custos que deram origem ao orçamento da obra. Eventuais desvios desses critérios em campo podem implicar em aferições equivocadas, que se estendem aos pagamentos e podem até gerar prejuízos para a construtora.
Um exemplo prático para uma parede de alvenaria: se o critério pré-estabelecido determinar que vãos de portas e janelas devam ser descontados na medição, essa orientação deve ser observada à risca. Se não for, e o pagamento do prestador de serviço incluir os vazios dos vãos, os prejuízos acumulados ao final da obra serão significativos, dado o elevado número de portas e janelas de um empreendimento.
Da mesma forma, os critérios de inspeção de qualidade para cada serviço e para cada material devem ser pensados de forma detalhada antes do início da obra. Imagine o prejuízo de um edifício construído com blocos de alvenaria estrutural com resistência de 3 MPa, quando o projeto estabelecia blocos de 8 MPa! É por isso que os checklists e formulários das FVSs e FVMs também devem ser elaborados com muita atenção e fundamentados em prescrições de normas técnicas e regulamentadoras vigentes e na base de conhecimento das práticas da própria construtora.
Os parâmetros de como fazer uma medição de obra e uma boa inspeção de qualidade devem ser incluídos no contrato com os fornecedores e prestadores de serviços. Assim, eliminam o risco de retrabalho e desorganização, assegurando uma avaliação precisa da qualidade e do andamento do projeto. A clareza na definição desses critérios não só estabelece uma compreensão comum entre todos os envolvidos, mas também facilita a medição e o controle da qualidade em campo.
Dica 2: Estabeleça rotinas para as medições e inspeções
As rotinas desses procedimentos de campo devem ser previstas no planejamento da obra. Vale lembrar que não existe periodicidade certa ou errada: cada obra tem dinâmicas, recursos e necessidades próprias, que determinam se o cronograma de medições e inspeções será diário, semanal, quinzenal ou mensal.
Obras com maior disponibilidade de mão de obra e de tecnologia para levantamentos de campo conseguem estabelecer um acompanhamento mais frequente. Quanto menor o período entre essas aferições, maior será a capacidade da construtora de identificar e resolver problemas que possam afetar o fluxo dos serviços e prazos da obra. Este processo cria pontos de controle que detectam rapidamente os desvios, proporcionando tempo hábil para a implementação de planos de ação corretivos.
Por outro lado, empreendimentos que fazem esses controles com métodos mais analógicos – como fichas em papel para medição e inspeção, por exemplo – tendem a perder mais tempo no processo, não apenas na captura dos dados em campo, mas também no arquivamento posterior. Assim, precisam espaçar mais suas rotinas, tendo como efeito colateral uma maior lentidão na tomada de decisões sobre desvios de prazo e qualidade na obra.
Dica 3: Tenha processos definidos para o armazenamento e compartilhamento de informações
Se os dados aferidos em campo não são aproveitados pelas equipes de gestão da construtora, há desperdício de recursos. Então, como fazer uma medição de obra ou uma inspeção de qualidade no canteiro e garantir que, depois, as informações serão adequadamente tratadas?
Empresas que trabalham com métodos analógicos podem destacar uma pessoa para ler os formulários em papel e alimentar planilhas eletrônicas. Por se tratar de um processo manual, contudo, acaba sendo menos produtivo e mais sujeito a erros. Além disso, há o risco de que arquivos e pastas eletrônicos sejam acidentalmente perdidos ou corrompidos, causando dores de cabeça nas equipes de gestão.
Por isso, muitas construtoras já investem, atualmente, na digitalização deste processo, ganhando rapidez na captura de dados de medição e inspeção em campo. Soluções disponíveis para dispositivos móveis, como as plataformas Prevision e Construpoint, são aliadas das empresas que buscam adotar uma gestão de obras mais ágil.
Com a tecnologia ao alcance das mãos, as equipes de engenharia não precisam se preocupar com a demora na atualização das informações, com erros e inconsistência dos dados e com a desorganização de arquivos e planilhas eletrônicas. Tudo o que é coletado em campo é armazenado em segurança e compartilhado de forma integrada e em tempo real com a equipe de planejamento.
Dica 4: Tenha um banco de dados único com ferramentas integradas
Como vimos, os métodos tradicionais de armazenamento de informação da obra oferecem grandes riscos às construtoras. Infelizmente, ainda é bastante comum que empresas organizem seus dados em pastas e arquivos com acesso irrestrito e em servidores sem backup, sujeitos a ameaças físicas e cibernéticas, como descargas elétricas e vírus de computador.
Para contornar o problema, o setor da construção vem se modernizando e adotando ferramentas digitais que registram informações de campo por meio de celulares e tablets. É um primeiro passo importante na organização das informações. Ainda assim, muitas soluções de mercado ainda falham na integração dos dados. Trata-se de um fenômeno chamado de ilhas digitais na construção civil: softwares e plataformas independentes que não se comunicam, trazendo poucas vantagens para as equipes de gestão das construtoras.
Empresas de tecnologia do setor, como a Prevision e a Construmarket, têm investido fortemente na integração de dados na construção civil, com a troca de informações via Interfaces de Programação de Aplicações (APIs). Na prática, a solução permite que as informações coletadas com apps de celular no canteiro (como as medições de obra, com a Prevision, ou as inspeções de qualidade, com o Construpoint) estejam automaticamente disponíveis para as equipes de planejamento, no escritório, em dashboards claros e intuitivos do sistema de gestão da Prevision.
Tudo isso sem se preocupar com a gestão de dados e a manutenção de equipamentos próprios, já que ambas as soluções garantem a segurança de seus dados e oferecem suporte completo para as equipes de engenharia e planejamento de sua construtora.
Dica 5: Use os dados para ações práticas e decisões estratégicas
O uso de informações atualizadas, confiáveis e organizadas para tomadas de decisões estratégicas é um dos maiores ganhos quando se adotam tecnologias integradas de medição e inspeção da qualidade.
Esses dados compõem indicadores essenciais para o acompanhamento da evolução da obra, que incluem, por exemplo:
Curva S
É um gráfico que mostra a evolução da obra ao longo do tempo, comparando o trabalho planejado e o realizado. Com essas informações, os gestores conseguem rapidamente identificar desvios e adotar ações corretivas.
Índice de Desempenho de Prazo (IDP):
É um indicador que mostra o quanto o prazo de execução da obra está se desviando do cronograma planejado. O valor padrão é 1, e indica que a obra está totalmente alinhada ao planejamento físico. Valores entre zero e 1 indicam atraso; e valores acima de 1 revelam que a obra está adiantada em comparação com o cronograma previsto.
Índice de Desempenho de Custo (IDC):
Este indicador, por sua vez, mostra como está a execução orçamentária da obra. Valores maiores que 1 mostram que a obra está custando menos que o previsto naquele momento; e valores menores que 1 acendem o alerta para olhar com mais atenção para os custos realizados. O IDC igual a 1 indica que a obra está alinhada ao orçamento previsto.
Percentual de Planos Concluídos (PPC):
É um cálculo que leva em consideração as tarefas concluídas e as tarefas planejadas para a obra até um determinado período. Ele ajuda as equipes de planejamento e engenharia a identificar, no curto prazo, eventuais gargalos no processo construtivo e a desenvolver soluções para essas ineficiências.
Índice de Remoção das Restrições (IRR):
Restrições na execução dos serviços devem ser evitadas de todo modo, por isso esse indicador é tão importante. A equipe de engenharia deve manter um IRR elevado, o que significa que os problemas do dia a dia estão sendo resolvidos com eficiência, com pouco impacto sobre o andamento do projeto.
Conclusão
As empresas da construção civil estão se modernizando rapidamente, substituindo velhos métodos de coleta de dados em campo – como pranchetas e formulários em papel – por soluções digitais de medição de obra e inspeção de qualidade.
Neste artigo, mostramos como fazer uma medição de obra mais confiável e eficiente e quais são as preocupações fundamentais que uma construtora precisa ter para capturar, tratar e analisar as informações em seus canteiros: objetivos e critérios claros de medição e inspeção; rotinas de aferição; processos bem definidos para tratamento das informações; organização, integração e unificação dos dados; e uso das informações para análise e tomadas de decisões estratégicas relativas ao planejamento e à execução da obra. Você viu, ainda, que tecnologias integradas como o Construpoint e a Prevision, podem elevar ainda mais a eficiência dos processos em uma construtora.
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