O que é gerenciamento de restrições? Aprenda estratégias para aumentar a eficiência nas obras

Foto: Freepik

O gerenciamento de restrições é uma prática que tem ganhado cada vez mais relevância na indústria da construção. Em um setor marcado pela complexidade e pela necessidade de precisão, a identificação e eliminação de restrições são fundamentais para garantir o cumprimento dos cronogramas e a otimização dos recursos. A adoção de ferramentas tecnológicas, aliada a uma gestão colaborativa e bem estruturada, tem se mostrado uma estratégia eficaz para superar os desafios que fazem parte de projetos de construção.

A relevância do planejamento de médio prazo

Um dos primeiros passos para implementar um gerenciamento de restrições eficaz é a integração dos diferentes níveis de planejamento: longo, médio e curto prazo. O planejamento de médio prazo assume um papel central nesse contexto, servindo como uma ponte entre as metas de longo prazo, muitas vezes definidas por cronogramas como o de Gantt, e as ações específicas de curto prazo.

Ao desdobrar o planejamento de longo prazo em metas menores e mais táticas, o planejamento de médio prazo facilita a identificação das restrições que precisam ser eliminadas para que o cronograma seja seguido sem contratempos. Este processo não apenas assegura a proteção da produção, mas também garante que os recursos, como mão de obra e materiais, estejam disponíveis exatamente quando necessário.

Definição e identificação das restrições

Em gerenciamento de projetos, restrições são tudo aquilo que precisa ser resolvido para que uma atividade específica possa ser executada. Isso inclui desde a disponibilidade de projetos e materiais até a alocação de mão de obra e equipamentos adequados. Por exemplo, para iniciar a alvenaria em uma obra, o projeto deve estar concluído, a mão de obra deve estar alocada e os materiais precisam estar disponíveis.

A identificação dessas restrições é o primeiro passo para uma gestão eficaz. No estudo de caso realizado pela construtora RDO (veja vídeo abaixo), as restrições foram identificadas a partir dos pacotes de trabalho definidos no planejamento de médio prazo. Cada pacote foi analisado para determinar as restrições associadas e, a partir daí, planejar a eliminação dessas barreiras.

Caracterização e lead time

Após a identificação, as restrições devem ser caracterizadas com base em dois fatores principais: o tempo necessário para sua eliminação (lead time) e sua natureza (material, mão de obra, segurança, entre outros). A definição do lead time assegura que as restrições sejam eliminadas com antecedência suficiente, evitando atrasos na execução das atividades.

Por exemplo, se a atividade de estruturação em uma obra está programada para começar em 30 dias, a contratação da mão de obra precisa ser realizada com antecedência para garantir que a equipe esteja disponível no momento certo. Esse tipo de planejamento protege a produção e garante que o cronograma não seja comprometido.

O uso da tecnologia no gerenciamento de restrições

Inicialmente, o acompanhamento das restrições era feito manualmente, utilizando planilhas de Excel. Esse método, embora eficaz em um primeiro momento, revelou-se moroso e pouco visual, dificultando a colaboração entre os diferentes setores envolvidos no projeto. A evolução para ferramentas mais sofisticadas, como o Trello, trouxe ganhos significativos, permitindo uma visualização clara das restrições e facilitando a gestão colaborativa.

No entanto, a necessidade de inserir e atualizar manualmente as datas relacionadas às restrições ainda representava um desafio. Por isso, buscar uma solução de automação foi o próximo passo, integrando o processo de gerenciamento de restrições diretamente ao cronograma da obra. Essa automação não apenas reduziu o tempo necessário para gerenciar as restrições, mas também manteve a colaboração entre as equipes, que continuam a ser notificadas sobre suas responsabilidades por meio de alertas automáticos e relatórios gerados de forma dinâmica.

Análise de resultados e estabilidade na produção

A adoção de práticas e ferramentas eficientes no gerenciamento de restrições tem demonstrado uma melhora substancial nos indicadores de desempenho em obras. Um dos principais benefícios observados é a maior estabilidade no Percentual de Planejamento Concluído (PPC). Ao eliminar restrições de forma sistemática, a execução das atividades torna-se mais fluida e previsível, resultando em uma performance média elevada e menos variações ao longo do processo.

Esse aumento de estabilidade e eficiência é um dos principais benefícios do gerenciamento de restrições. Com a eliminação antecipada das barreiras, a produção se torna mais previsível, os recursos são melhor alocados e o cronograma é seguido com mais rigor. A redução nas variações do PPC reflete uma melhoria na gestão do projeto como um todo, contribuindo para o sucesso da obra.

A necessidade de retroalimentação contínua

Apesar do planejamento detalhado, é inevitável que novas restrições surjam durante a execução da obra. Por isso, o processo de gerenciamento de restrições precisa ser contínuo e flexível, permitindo a retroalimentação com novas informações e ajustes conforme necessário. Isso não só ajuda a manter o projeto no caminho certo, mas também contribui para o aprendizado organizacional, criando um histórico de restrições que pode ser utilizado em projetos futuros.

Benefícios de uma gestão eficiente de restrições

Os benefícios tangíveis de um gerenciamento de restrições eficaz são evidentes em diversas áreas de um projeto de construção. Entre os principais benefícios estão:

  • Transparência e confiabilidade: A implementação de tecnologias avançadas melhora significativamente a visibilidade do processo. Isso garante que todos os envolvidos no projeto tenham acesso às mesmas informações e possam entender com clareza o que precisa ser feito e quando.
  • Integração e comunicação: A colaboração entre diferentes setores é aprimorada, minimizando as falhas de comunicação, que são frequentemente identificadas como um dos maiores desafios em obras de construção.
  • Automatização e eficiência: A automação dos processos reduz substancialmente o tempo gasto em tarefas manuais, como a atualização de cronogramas, além de diminuir a incidência de erros humanos, resultando em uma gestão de restrições mais eficiente.
  • Gestão de equipes: Com uma visão detalhada das responsabilidades de cada membro da equipe, os gestores podem alocar recursos de forma mais estratégica, assegurando que todos os envolvidos estejam alinhados com os objetivos do projeto.

Implementação em novos projetos

Para garantir que esses benefícios sejam replicados em novos projetos, documente e integre as lições aprendidas no processo de planejamento desde o início. A criação de um histórico de restrições e a adoção de um sistema de retroalimentação contínua permitem que a empresa aprimore constantemente sua abordagem e esteja melhor preparada para enfrentar os desafios de futuros projetos.

A gestão eficaz de restrições não é apenas uma técnica de curto prazo, mas uma estratégia que pode transformar a maneira como as obras são conduzidas, resultando em maior eficiência, menor risco de atrasos e melhor utilização dos recursos disponíveis.

Conclusão

O gerenciamento de restrições é uma prática que se mostra cada vez mais indispensável para a indústria da construção. Ao identificar, caracterizar e eliminar as barreiras que podem impedir o cumprimento do cronograma, as empresas conseguem melhorar significativamente a eficiência de seus projetos.

A integração de tecnologias aliada a uma gestão colaborativa permite não apenas a automação dos processos, mas também a criação de um ambiente de trabalho mais transparente e integrado. Esses fatores contribuem para uma maior estabilidade na produção e, consequentemente, para o sucesso dos projetos.

Larissa Godoy:

This website uses cookies.